São Paulo ferve
É sete de setembro!
No Tatuapé ou no
Boulevard,
Lojas abrem-se
sonolentamente
Em instantes o ritmo
frenético
Do ir e vir de
transeuntes
Sob a garoa do
meio-dia
Não, Ednardo, não
adianta esperar!
Não adianta esperar,
que aqui o povo não para.
Ironia, ou não, do
destino, são eles,
São eles que hoje
esperam a Água Grande despencar.
A multidão se afoga
no volume morto do Cantareira.
É sete de setembro,
Mas São Paulo ferve!
É sete de setembro!
Na Barra Funda (ou
teria sido no Tatuapé?),
Observado por uma
bela jovem oriental,
Sansei, issei ou
nissei,
Yo non sei!
Um pianista
solitário se apresenta
Sem se importar com
o desdém,
Diante do ir e vir
frenético, da multidão,
São Paulo tem
artista de rua.
São Paulo também é
cultura.
Mas ferve em plena
tarde de sete de setembro!
É sete de setembro!
Na Barra Funda ou no
Tietê,
Indo ou vindo do
feriado,
Há uma variedade
imensa de rostos.
Senhoras de cabeças
longilíneas
Misturam-se a
algumas cabeças chatas nordestinas.
Jovens de faces
claras e compridas
Misturam-se a outros
de lábios carnudos e cabelos ruivos.
De minissaia,
timidamente, uma menina,
Morena, na flor da
adolescência, atrai olhares masculinos,
Ou seria um menino,
em seu recato?
A Marta Rocha do
Drummond (Não do Carlos, mas sim do Roberto),
Desta vez de olhos
castanhos, que enfeitiça a pauliceia desvairada?
São Paulo é
andrógino!
São Paulo se
traveste de Brasil!
São Paulo é a
síntese, ou a mimese, do Brasil?
Mas ferve em plena
tarde de sete de setembro!
Glauco
Bastos, São Paulo (em trânsito), 08 de setembro de 2015
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