quarta-feira, 29 de julho de 2020

UMA FLOR NO ASFALTO


O cantor (?) Latino disse que, se houver outro regime militar no Brasil, ele será o Chico Buarque desta geração.
Nesse caso, vou aqui modestamente ensaiando para ser o Drummond:



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À Dilma Rousseff


Nascera no asfalto uma flor!
Sim! Uma flor nascera no asfalto!
Eram tempos sombrios:
Tempos de luto!
Tempos de luta!
O fio de esperança:
A flor no asfalto.

Sua tímida pujança
Pasmou a todos
Alegrou a muitos
Assustou a uns poucos.

Tentaram regá-la,
Adubá-la, protegê-la.
Mas o petrolífero asfalto,
Em fogo amigo, 
Desfolhou-a, despetalou-a.

Sua explícita morbidez
Assustou a todos
Pasmou a muitos
Alegrou a uns poucos.

Quanta besteira!
De que serve uma flor
Encoberta na fuligem
Petrólea do asfalto?

Tentarão sufocá-la,
Asfixiá-la, matá-la.
Mas a revolucionária poesia,
Em fraterna inspiração,
Pela liberdade, pela igualdade,
Há de reanimá-la,
Reavivá-la,
Ressuscitá-la.

Seu enigmático enflorescer
Alegrará a todos
Assustará a muitos
Pasmará a uns poucos.

Sua teimosa resistência
Há então de mostrar
Ao engenho e à arte
Que uma resiliente flor
Que ousa nascer 
Audaciosamente no asfalto
NUNCA MORRE!
JAMAIS MORRERÁ!

Glauco Bastos

                                                                                                                                         Guarulhos-SP, 22 de março de 2015

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